Bem, pista de SDNY interditada, Blaniks L-13 groundeados (ou seja, igualmente interditados para o voo, devido a um acidente na Áustria no início de junho) e me ví repentinamente com a sombria possibilidade de perder também a Bolsa, por falta de voos!
Estamos em dezembro, e após muita angústia, fui salva pelo Aeroclube de Tatuí, SP, representado pelo agora meu instrutor Reinaldo Monteiro, muito gentil desde o início, solidário com a nossa causa. Eu era uma sem-pista, sem-aeronave e estava quase me tornando uma sem-bolsa!!!
Ele igualmente conseguiu convencer meu colega Paulo Pompei, que encontra-se como eu, muito entusiasmado, louco para começar. Nossos agradecimentos ao pessoal de Tatuí!
Detalhe: nunca fomos à São Paulo...
Bem, mas não podia deixar de registrar isto: uma inovação tecnológica da rodoviária do Tietê: O AREJADOR DE PERIQUITAS! - Você paga R$1,50, entra, forra a privada e descobre que tudo voa, sendo inútil tentar. Então, vamos ao equilíbrio e... voilá! - Nossas sensíveis partezinhas são arejadas e secadas, assim como o cabelo e as roupas, fruto de um louco ventilador em alta velocidade voltado bem na direção da privada! Uau, paulistas são todos diferentes...
Ao chegarmos, fomos muito bem recepcionados! E aí, todos os alunos foram para a sala de aula, às 10 em ponto: hora da aula teórica, realizada aos sábados. Alí ficamos sabendo dos procedimentos de emergência e demais procedimentos, o tráfego local, os obstáculos da pista, tudo muito profissional! Nosso professor é também nosso instrutor, o engenheiro e brevet de prata Reinaldo Monteiro, que faz as demonstrações com a réplica plástica de um Boeing (?) na mão. Quem dera voarmos alí com um bicho desses, kkkk. Meu colega e amigo das horas difíceis, Paulo Pompei, deve estar com dor no pescoço da viagem, rs.
Cacau prestando atenção e um flagrante: um dos pilotos do rebocador entra na sala. É o Tadeu Passarelli. Ou seria Passarinho... ? Rs, não resistí, me desculpa,... Essa cara de mau dele é pura fachada...
Cacau prestando atenção e um flagrante: um dos pilotos do rebocador entra na sala. É o Tadeu Passarelli. Ou seria Passarinho... ? Rs, não resistí, me desculpa,... Essa cara de mau dele é pura fachada...
O dia não estava lá essas coisas, mas também ainda era de manhã e nós ainda iríamos aprender mais coisas, como desmanchar um Blanik para ser guardado até a liberação (oba),... um dia...
Mais uma aula: a de procedimentos na pista. Como fazer o cheque dos planadores (verificação da integridade de todas as partes, inclusive de parafusos e porcas), verificação dos comandos, polias, como prender a corda no planador, como prender a corda no reboque, verificação do estado da corda. Terei esquecido algo?
Nós, os Bolsistas do Projeto Santos Dumont, com um puchacz, voado com paraquedas. Acho que faltam três bolsistas, que não puderam comparecer. Da esquerda para a direita: Wilson, paulista; Cacau ou Maria Cláudia, cria da casa e filha de Reinaldo (e que não conta com previlégios por isso!!); Paulo Pompei, carioca parapentista e eu, carioca pereba!
Este é o planador que estamos voando no momento. Um Neivão! O projeto é do início dos anos 40 e ele é considerado o "fusca dos ares", como o lindo Paulistinha, avião de instrução. O prefixo dele é PT-PAM e daí pintaram o Peter Pan na fuselagem (ai) e a Sininho na cauda, muito fofo! Me fez lembrar os tempos da graduação na faculdade, onde eu era conhecida por Sininho por alguns...
Tem tambem avioes agricolas particulares que fazem seus pousos em Tatui, pois servem as plantacoes locais. Do outro lado da pista ha uma escola de ultra-leves.
Tem tambem avioes agricolas particulares que fazem seus pousos em Tatui, pois servem as plantacoes locais. Do outro lado da pista ha uma escola de ultra-leves.
De repente, lá veio a chuva! Parecia que as nuvens formavam uma onda, querendo despencar e engolir todo o campo, assustador. E tome pressa para guardar as aeronaves à tempo de não se molharem (especialmente os planadores feitos de madeira) ou de pegarem um vento de rajada, o que poderia arrastá-las e quebrá-las!
Como atividade, fomos ajudar no desmonte do Blanik. Após ter secado os planadores molhados com panos. Aquí está a carreta de transporte onde ele ficará abrigado, até a liberação, de onde depois será retirado e remontado. Em caso de competição, faz-se o mesmo com os planadores em uso, visando o transporte até o local do evento. Notar que o tempo começou a abrir depois da chuvarada.
A primeira etapa foi o apoio para as asas, num cavalete forrado para não machucá-la.
A primeira etapa foi o apoio para as asas, num cavalete forrado para não machucá-la.
Também foi utilizado um apoio para o nariz com rodas e igualmente uma espécie de carrinho para apoiar melhor a fuselagem. Notar a proteção do tubo de pitot no nariz, que é uma rolha com uma faixa vermelha pendente... visando a não-entrada de impurezas.
Parafusos, porcas e outras miudezas foram sendo separados em caixas tampadas com identificação. Cacau à esquerda, o presidente Antoniebi comandando à direita, Pizza no meio e nosso colega Wilson lá atrás.
As asas foram sendo desmontadas.Uma dificuldade, encontrar em um espaço tão pequeno entre asa e fuselagem, os detalhes para desatarraxar e puxar, em ambos os lados.
Blanik sem a asa direita.
Carregando a asa para a carreta. Tiras de náilon com alças são utilizadas para facilitar o transporte. Notar a estrutura interna da asa, de madeira colada.
As duas asas já dentro da carreta, sob os trilhos deslizantes e apoiadas em espuma. Logo à seguir, são amarradas à estrutura da carreta, para não balançarem.
Desmontando o cone da cauda e descobrindo um amassado que até então, passara despercebido.
Cacau enlouquece com o trabalho, rs.
Mecanismo do profundor exposto. E o "furiquinho" da cauda...
Dobrando o profundor alinhado com o leme.
Este empoeirado planador é da década de 30!! Muito bem conservado, aparentemente.
19-12-2010 (DOMINGO):
Depois da chuva, tirar novamente as aeronaves para fora, ufa, foram duas idas e vindas no dia. O aeroclube estava com muitos outros "seres" voadores na atividade!
Assim como este outro belo fungo, que após amadurecer,...
... pode ganhar contornos macabros!
Ah, sim, demos uma paradinha para o almoço também. Lado esquerdo: Paulo Pompei, Reinaldo Monteiro e Wilson Langeani. No Lado direito, Cacau, Bergamo - aluno do aeroclube, e láá no fundo, Simões, também instrutor (no futuro).
A vez do refresco "esperto"!!
Retomada das operações. Passarelli no rebocador (AB-180). Foto do Carlos.
Após a chuva, tudo pronto, Wilson Langeani prepara sua câmera para filmar a decolagem.
Minha vez de voar! Preparativos finais para a decolagem. Foto de Paulo Pompei.
Como ficamos dentro do cockpit fechado do Neivão, pronto para o reboque. Foto do voo no dia seguinte, tirada por Paulo Pompei. O tubo de pitot é essa "antena" espetada no alto do nariz, e há alí um fio de lã vermelha amarrada, que por vezes, fica presa colada no alto do plexiglass como opção ( sendo que aqui ele fica no plexiglass para visualização do instrutor; enquanto que o aluno fica com o do pitot ), e que é o mais preciso instrumento de voo para um piloto! - É essa lanzinha que indica se a curva ou o voo reto executados, estão derrapados (mal executados) ou não!
Enquanto tudo na cabine é ajeitado, como o afivelamento do cinto de segurança, verificação dos instrumentos e comandos, a corda é devidamente presa no gancho, tanto no planador (no nariz) quanto no rebocador (na cauda).
Esta foto devia ter entrado antes da anterior. A corda é posicionada na pista em zigue-zague, de forma a não se enrolar quando esticada pelo rebocador, no posicionamento para a decolagem. Meu instrutor ainda continua do lado de fora, enquanto Cacau posiciona-se para "dar asa" no planador. Uma almofada extra é retirada do interior da aeronave, por não haver necessidade... o Neivão é beeem apertadinho!
Olha só como a corda é afixada na traseira do rebocador "Gancho1"... A pose de "Napoleão Pós-Guerra" foi por conta do aluno, rsrs.
Cacau se prepara para "dar asa". Primeiro, apenas se faz peso na ponta da asa que está abaixada, sempre a esquerda, evitando que um vento qualquer o perturbe. Também quando o rebocador se posiciona, tencionando a corda, a função é a de reposicionar delicadamente o aeroplano no eixo da pista, sempre com os braços abaixados, prestando atenção no trafégo aéreo (e alertar em caso do avistamento de aeronaves e outras coisas estranhas no circuito e na pista), e também no cheque dos comandos realizado pelos pilotos, para alertar sobre qualquer discrepância.
Estando tudo OK, o piloto-aluno (no caso, eu) faz o sinal com o polegar para cima, indicando que a pessoa que "dará asa" pode se posicionar, levantando e nivelando as duas asas, deixando tudo reto. É o sinal para o início da corrida do rebocador. A pessoa que "dá asa" então, acompanha por cerca de 3 segundos a corrida das aeronaves, mantendo as asas niveladas, e o solta. Daí em diante, o piloto em comando será o responsável por manter o planador no eixo central da pista, sem deixar a asa cair.
E lá vou eu! O planador sempre decola antes do avião... mas acho que perdí essa foto...
Aqui está o complexo painel do Neivão, o visual da cidade de Tatuí e a lãnzinha derrapada! Foto do voo do Paulo Pompei.
Enquanto a instrução é iniciada lá em cima, após o desligamento do rebocador, o mesmo desce, faz um razante livrando os obstáculos da cabeceira da pista ainda com a corda (para não enroscá-la em nada), liberando-a para mais um voo. Quem estiver então auxiliando corre, pega a corda e a coloca na lateral para fora da pista. É o tempo do rebocador entrar no tráfego e pousar, preparando-se para mais uma decolagem. No lado esquerdo, o carrinho que a gente usa para anotar, beber água, pegar sombra e descansar. Obra de arte do Reinaldo, dizem.
O pouso. Sou eu quem estou lá dentro, juro. Com o instrutor atras, e claro! Os spoilers (freios aerodinâmicos) estão totalmente abertos. Notar que o planador fica apoiado numa espécie de esqui de madeira, próximo ao nariz. É o jeitinho dele de pousar, rs. Tem vezes que sai faica dali...Foto do Carlos.
Sim, pousamos. E...? Da uma preguiica de ter que andar quase toda a pista para empurrar o planador de volta...! Enquanto isso, um pre-debriefing ja esta sendo feito. Foto do Carlos.
Nao quis voar? Portanto, empuuurraa, peao! Fui ate pelo mato adentro. Cacau e Pompei se aproximam para ajudar. Instrutor tambem empurra! Foto do Carlos.
Dona Buraqueira esta chocada com a minha presenca. Ela toma conta dos passaros duros e ocos de voos esquisitos, mas nunca tinha reparado ate aquele momento naquele serzinho implicante de penas folgadas que ficava passando por ela com uma caixa que fazia barulhinho...
Acabou-se o momento bucolico, hora de ajudar os outros! - Rapido, rapido, grita o Milan para o rapaz pegar a corda de reboque no meio da pista! A aeronave ja esta na perna do vento. A outra corda, na lateral e para puxar o planador com o carro follow-me. E muito bonito o espirito de equipe no voo de planador. Todos tem que funcionar direito para que tudo corra bem. Um torce pelo outro!
Apos a chuva o tempo comeca a abrir, que belo entardecer! Enquanto o planador ja pousado espera pelo empurra-empurra, com o aluno saltando fora da cabine, o rebocador, taxiando, ajuda a compor esta bela foto.
Momento de adoracao... todos param um instante para admirar o ceu espetaculoso de Tatui! Milan na frente, Cacau de costas e Langeani a esquerda. E ou nao e um lugar lindo? - Ta bom, vou contar um segredo... usei meus oculos de sol de lente ocre na frente da camera, funcionando assim, como um filtro polarizador.
Finalmente o tempo abriu de vez. Olha que nevoazinhas engracadas formaram-se no lado direito da foto! No topo, surgiram cumulus!! No lado esquerdo do Neivao esta o carro follow-me.
Para encerrar esta postagem, mais uma foto do ceu espetacular de Tatui! - E pensar que tem gente que nem olha para o alto...